A novilíngua parece ter chegado à RTP, ao programa apresentado por José Malato. Pergunta: "Em que ano foi eleito pela primeira vez o presidente de Angola". Ênfase minha. Eleito? Não sei mas se fosse concorrente protestava contra perguntas como esta. As únicas eleições para a presidência da república em Angola não chegaram ao seu termo legal.
É como nos Sol cair é crescer.
Hoje vem numa página interior do Público o título: «Homicida do camião roubado...». Não será exagerar um bocadinho na liberdade que a língua nos dá. Contudo reconheço que a versão magoo do Público é fácil de ler e revela algum humor, pelo menos melhor que o meu actualmente.P.S.: hoje estou picuinhas. Depois de um prós e contras a falar de anjos, desculpem, referendos locais, estou mesmo aborrecido.
2009-01-24O meu irmão do meio lembrou-me, hoje no meio de uma conversa sobre a variabilidade do sentido das palavras, que tinha a certo momento os jesuítas no Brasil tinham alguma dificuldade de comunicar com os índios pois estes tinham o hábito de mudar o sentido das palavras entre cada conversa com eles. Depois disso o meu irmão mais velho esteve-me a dar uma lição sobre a evolução da linguagem, com os seus momentos de diferenciação e mais rapidez de alteração do sentido e momentos de maior lentidão e menor diferenciação. Porra em que atoleiro me fui meter.
5 comentários:
Posso estar a meter muita água, mas... qual é o problema nessa frase?
Pelo menos no dicionário online da Priberam, mostra "eleito" como:
"eleito | adj.
sing. part. pass. de eleger"
... mas caso esteja errado, peço desculpa! :)
Olha que eu penso que seja necessário haver eleições para alguém ser eleito. Quando se toma o poder pela força isso não é eleição. Ou estou errado?
Dito de outra forma, qualquer dia dizem que Pinochet foi eleito em 1973. Em 1975 não houve eleições em Angola, donde, digo eu, ninguém foi eleito.
esquece... estava a levar isto para o lado da gramática.
Obrigado pelo esclarecimento.
De gramática já só me lembro e pouco das gramáticas das linguagens de computador.
Acho que saltas-te ou não associas-te a expressão novilíngua.
Mas o que eu queria salientar no texto é que qualquer dia ninguém consegue ler/ouvir notícias/programas se começarmos a usar "novos" sentidos para as palavras ou quando começamos, com alteração frequente do sentido das mesmas.
Não me preocupa minimamente umas vírgulas a mais ou a menos ou umas quantas gralhas (erros ortográficos) ou simplesmente "correcções" dos correctores ortográficos ou mesmo substituições de palavras por outras (porque fomos distraídos por algo) e depois não prestámos atenção e ao relermos, relemos com as palavras que julgamos ter escrito e não as que lá se encontram de facto.
Tal como tu poderá haver pessoas que não percebam porque achei aquilo mais uma areia na minha engrenagem. Porque é que achava deslocado o termo.
Ontem e anteontem foram dias lixados para mim e isso reflecte-se em duas coisas, necessidade de verbalizar alguma frustração (o termo preferido por mim é partir qualquer coisa e estou mesmo a falar do sentido literal do termo) e ficar picuinhas com tudo o que vejo/oiço/leio à minha volta (claro que autoexcluindo-me de qualquer autocrítica).
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