O meu irmão mais velho é um típico africano, gosta de contar histórias. Entre estas encontra-se uma relacionada com jornais. Melhor são duas e têm a haver com a disconexão entre títulos e corpos de notícias. Dizia ele que nos jornais em Angola é relativamente comum o jornal apresentar como título algo como: «Problema da falta de água no bairro xxx resolvido». Depois no corpo da notícia vem: «assinado contracto para elaboração de projecto para aumento da capacidade da rede de distribuição de água ao bairro xxx». Dizia ele que isto era resultado da presença de publicitários jornalistas brasileiros em algumas redações.
Uns dias depois vejo um artigo no apeadeiro de onde roubei o título ao Mário Gamito.
Ontém em nova conversa o meu irmão falou de uma jornalista nova que sistematicamente produzia títulos do género «com dois anos teve filho de 5 kg», que quando entrevistada disse que os seus títulos eram como era evidente completamente deslocados em relação à realidade e só tinham como única finalidade servir de isco para a notícia e que no corpo da mesma de onde em onde levantava um pouco o véu, quase dizendo aos leitores, que se estavam à espera de que a notícia tivesse algo a haver com o título estavam muito enganados. A jornalista era brasileira.
Eu tinha acabado de comprar a minha dose de jornais de fim-de-semana e por acaso os nossos olhos caíram numa notícia do Sol que dizia no título: Consumo de electricidade cai para mínimos históricos e onde no corpo se diz «O consumo de electricidade cresceu apenas 1% em 2008». Será que cá também chegou a moda de produzir títulos que são o oposto das respectivas notícias.
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