Web,ruby, Ajax ou qualquer outra coisa que me venha a cabeça (com prioridade para esta última)

23 julho, 2011

A caminho da fabricação pessoal

Em França nos anos 20 havia umas oficinas/locais de aprendizagem de fabricação itinerantes. O conceito de laboratório de fabricação, oficina técnica ou espaço de "hacking" como se vê não é tão novo como alguns julgam. No caso acima a oficina itinerante era promovida pelo ministério da agricultura e permitia dar vida a um local que no Inverno ficava algo isolado.
Quando para produzir algo é necessário efectuar um grande investimento este fica fora do alcance do comum dos mortais. Os laboratórios de fabricação como o fablabedp, ou os espaços de hacking como o altLab são locais onde se pode partilhar ideias para construir algo. Onde equipamentos caros são colocados à disposição dos utilizadores por valores nulos ou sem grande expressão. O espaço do fablab parece ser mais orientado para uma visão de empreendedorismo, o do altLbab parece ser mais artístico (há mesmo partilha de espaço com artistas plásticos e músicos).

O fablabedp possui uma série de equipamentos dos quais destaco duas fresas para madeiras/cartão prensado ou matérias com consistência similar ou menor, sendo uma de bancada para objectos de pequena dimensão e outra de grande dimensão ocupando um espaço à parte para evitar poeiras e ruído, uma máquina de corte a laser e uma de corte de vinil, ou seja o equipamento mínimo para um fablab, aguardam agora a chegada de uma impressora 3D. Ao equipamento mínimo juntam-se uns computadores instalados numa bancada, uma mesa de trabalho, uma outra bancada com alguns equipamentos ligeiros como chaves e ferro de soldar. O Público em Fevereiro publicou um artigo sobre a inauguração do fablabedp. Infelizmente não conheço pessoalmente o espaço da altLib.

Para se usar o fablab é necessário entrar em contacto por mail com a equipa.

Voltando a França, mas a algo bastante mais recente, no «Futur en Seine» o redescobrir das oficinas itinerantes, agora aplicando tecnologias avançadas e onde os "fazedores" trataram de passar de esboços de ideia, a CAD e depois mesmo à fabricação, tudo num pequeno período de tempo.

Fab Lab Squared por Futur_en_Seine [fr]

Neil Gershenfeld, um dos pioneiros da fabricação computadorizada, faz uma resenha do seu trabalho no MIT onde começaram por ligar computadores a máquinas para criarem peças de helicóptero, voltando atrás às moléculas fabricantes (ribossomas). A fabricação pessoal não serve para produzir aquilo que podemos comprar numa loja, mas aquilo que tem como mercado potencial, o próprio. (ver vídeo abaixo [en]).

Le Futur de la création - Neil Gershenfeld por Futur_en_Seine [en]

Algo que é realçado por muitas pessoas que participam em movimentos como o dos FabLab é que a partilha e a troca são parte substantiva da experimentação. Os FabLab são regidos por uma carta de obrigações que implica explicitamente a troca de conhecimentos. Outro princípio que surge frequentemente é o da reapropriação das ferramentas empregues quando não a da sua própria fabricação ou montagem.


Quando Cory Doctorov permitiu a leitura do seu livro Makers, em pré-edição no sítio da Tor, fui acompanhando a leitura do livro como faço praticamente com qualquer livro que leia hoje, vendo se há alguma atmosfera do livro no que vai sucedendo à nossa volta. Foi aí que comecei a aperceber-me deste movimento de pessoas que sem uma formação específica numa área penetravam nessa área usando aquilo que eu chamo de visão lego da coisa. Pode-se não perceber nada de estética vitoriana, mas pode-se ser um «steampunker» na mesma. Outra coisa que me espantou foi o movimento de tecnologistas tradicionais ou melhor dito de, por exemplo, impressores que juntam a produção digital aos processos tradicionais como por exemplo os impressores de aviões de papel que usam tecnologia de dobragem de envelopes para dobrarem os aviões de papel.

Este movimento de novos "fazedores" teve um forte impulso nos EUA, com Dale Dougherty cujo moto é "Nós todos somos fazedores". Dale Dougherty é o fundador da revista Make Magazine e da feira Maker Faire, o maior acontecimento dedicado ao movimento de "fazedores", sendo um nome de referência numa comunidade extremamente diversa e dinâmica e em plena expansão.

Tirando partido da vaga do faça-você-mesmo foram aparecendo vários locais de fabricação digital, alguns associados a escolas outros a empresas e ainda outros a grupos heterogéneos, algumas pequenas empresas, muitas delas com sítios na internet como a instructables que partilha instruções de fabricação de um grande número de "coisas", da etsy que ajuda a verder as criações (físicas), thingiverse, repositório de projectos, seminários sobre diversas técnicas e tecnologias sobre todos os géneros (arduino, pintura a luz, escultura em diversos materiais, impressão 3D, algumas assembleias informais, trabalhos académicos, etc, etc...


Tem continuação nas próximas semanas... Quem são estes fazedores

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