Hoje num comentário a um comentário num artigo do obvious sobre o novo acelerador do CERN fiquei só pela rama.
Há pessoas que são cerebrais e não necessitam de grande incentivo para se sentirem motivadas para a criação científica. Não é o que se passa comigo. Gosto de ficar maravilhado e de ser surpreendido, com coisas complexas e com coisas simples. As grandes construções podem projectar poder mas as construções complexas além de poder transmitem também de certa forma a dimensão da nossa ignorância. Não são só lugares de culto (alguém que tenha trabalhado no CERN pode ser, de certo modo entendido como, um quase deus) mas também demonstra o grau de ignorância que temos sobre as leis da natureza, pois que só são verdadeiramente interessantes os resultados inesperados.
Por vezes as razões para nos maravilharmos com algo grande e complexo nem serão lá muito bem compreendidas, mas o mesmo se pode passar com coisas relativamente simples. Por exemplo, já na faculdade, tive um professor de cálculo, o professor Costa Pereira (ou seria Pereira da Costa) tinha uma comportamento algo estranho mas que prendia a atenção, fazia alguns quilómetros à volta da secretária (de facto várias secretárias juntas) sem nunca tropessar no desnível entre o estrado e o chão do anfiteatro.
Ontém na série de conferências da TED vi uma pessoa que me fez lembrar esse meu professor: Clifford Stoll. E sim, também gosto de experiências relativamente simples como a sua medida da velocidade do som empregando um gerador de ondas, um osciloscópio, um microfone e uma fita métrica. Fique rendido à sua aparente simplicidade.
Clifford Stoll é um astrónomo muito especializado a sua especialidade só pode existir pois há grandes construções que nos permitem enviar sondas para outros planetas, porque há grandes construções que nos permitem monitorizar os corpos celestiais.
Se acham que é fácil não ficar maravilhado com objectos complexos dêm uma saltada aos vídeos da Carolyn Porco tanto na TED (vídeo embebido abaixo) como na DLD (só lá para os 40 minutos). O problema talvez seja mesmo esse numa primeira fase as pessoas ficam babadas e transformam-se em "fan boys and girls", mas no fim as pessoas ultrapassam essa fase do espanto e passam à acção, a uma aprendizagem sobre o que as rodeia e isso também é importante.
A esta entrada podemos chamar a antítese do Z na fórmula de Einstein.
O meu colega tuxer hoje publicou um cartoon sobre os problemas que podem surgir no LHC. Para quem não goste de cartoons pode ler esta entrada. Nota 2: No próximo Sábado é dia aberto no LHC.
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