Web,ruby, Ajax ou qualquer outra coisa que me venha a cabeça (com prioridade para esta última)

28 setembro, 2005

Direcção Artística e a Web (Tradução)

Pode ler o original em: aqui

Em matemática, o todo é sempre iguam à soma das suas partes; dois e dois são invariavelmente exactamente iguais a quatro. Na arte, contudo, o todo pode ser muito mais do que a soma das partes ou muito menos... Vários dramas foram arruinados por actores a tentarem aliviar cenas sérias sendo engraçadinhos. Os espetadores podem até rir da comédia mas aborrecem-se com a peça.

– Henning Nelms, Magia e Teatralidade

Este comentário do livro clássico de Henning Nelms sobre teatralidade para o ilusionista pode ser adequadamente aplicado a design de web. Designers, programadores, e outros especialistas criam elementos primordiais de um todo. Mas o director artístico está numa posição de aglutinar todas as peças para extrair delas o máximo efeito e optimização de resultados.

A finalidade deste artigo é introduzir os nossos leitores aos princípios e técnicas de um director artístico — relativamente ao web design — e mostrar como podem influenciar o efeito geral de um website.

O que é isso de direcção artística?

É uma pergunta difícil de responder. Nos filmes, os directores artísticos são normalmente responsáveis pelo “aspecto geral” do filme. Na publicidade e trabalho impresso os directores artísticos (normalmente em equipa com um copywriter) trazem os “conceitos,” as ideias criativas que comunicam connosco ao nível das nossas entranhas através de dispositivos como tema, metáfora e simbolísmo. Alguns directores artísticos fazem pouco mais do que sonhar com estas ideias e apresentá-las aos clientes, enquanto outros supervisionam todos os aspectos do design e produção. Surpreendemente a direcção artística raramente é ensinada nas escolas e há pouca literatura informação formal sobre o assunto; é frequentemente aprendida na prática.

Ainda soa a vago, não? Algumas pessoas podem afirmar que a direcção artística é algo que não se pode explicar. Mas pode senti-la estudando-a. Zeldman publicou um exemplo perfeito, e descreve com precisão as diferenças entre direcção artística e design. Observe capas de revistas de notícias (na minha opinião, capas da The Economist são um exemplo efectivo de consistência na direcção artística), as características de várias secções de jornais, todos os tipos de publicidade impressa. Veja anúncios de televisão, e pergunte-se que dispositivos ou elementos fazem trabalhar esses anúncios enquanto outros não.

Como é que isto se aplica à web?

Suponha que uma companhia de pasta de dentes lhe pede para criar um site destinado a todos os grupos etários. Alguém puramente interessado em design pode criar uma proposta que usa tipos de letra muito belos, azul como fundo porque é ’s “fresca,” e algumas fotografias de agência de bocas e dentes ou familias sorridentes modelo. Irá gastar tempo a pensar em linhas e sombras, se o arranjo da página será a duas ou três colunas. Podem mesmo ter um tubo de pasta de dentes a ser exprimido no ecrã e usar a linha recta da pasta exprimida como barra de navegação. Pode parecer bonito, mas será o sem final.

Um director artística poderia eventualmente trazer um conceito que comunicace a importância do sorriso. O que é que um sorriso comunica? Poder? Confiança? Alegria? Divertimento? Tudo isto junto? O director artístico podia escolher mergular no sorriso como símbolo de dentes e gengivas sãs. Poderia mesmo escolher classificar tipos de sorricos e relacioná-los com tipos de pasta de dentes, exagerando as imagens usadas para ilustrar os tipos de pastas de dentes:

  • Mentol Fresco: o sorriso do escalador do Monte Everest.
  • Sensível Extra: sorriso do Dr. Phil.
  • Força Extra: sorriso do Drácula.

Sorrisos de “pessoas importantes” emparilhadas com histórias de sucesso. Sorrisos de comediantes — o sorriso é o melhor fármaco. O sorriso como língua internacional da amizade. Porque não desenvolver os seus próprios “smilies” or ícones de emoção? Percebe a ideia. Não faça “só” design frequentemente aborrecido quando comparado com um conceito bem desenvolvido.

As grandes ideias não sucedem por acaso

O aspecto mais importante da direcção artística é o “conceito.” Claro que o talento poderá ser um caso quando se trata de gerar grandes conceitos, e a sua ideia — ou a do seu director artístico — pode não lhe trazer nenhum prémio, mas você pode desenvolver boas ideias. A criatividade é um processo e tem que descobrir a sua. Eis algumas ideias para começar:

  1. Objectivos, objectivos, objectivos. Já o ouviu anteriormente, mas há uma razão já ouviu tudo anteriomente. Bons conceitos alcançam algo. E esse algo deve ser o objectivo que você e o seu cliente acordaram. Pergunte-se sempre, “esta ideia vai ajudar-nos a atingir o nosso objectivo?”
  2. Usar técnicas de estimulação de ideias. Só a alguns é que sucede aparecerem ideias fantásticas no banho, nós (os restantes) podemos ser ajudados usando técnicas como o debate. Há muitos livros sobre geração de ideias e as regras de debate são bem conhecidas. Inicialmente deve gerar uma grande quantidade de ideias. A possibilidade de obter uma boa ideias é normalmente directamente proporcional ao numero de ideias por si gerado. Pode usar o método que achar melhor. Uma técnica eficiente, em especial se trabalhar sozinho é numa folha de papel escrever o problema ou objectivo no topo. Depois force-se a escrever/esboçar rapidamente vinte ideias diferentes e não pare enquanto não tiver 20. Vai ser difícil, mas se fosse fácil não lhe chamariamos trabalho. Eis algumas orientações:
    • Não se censuref. Faça-o mais tarde. Todas as ideias são bem vindas neste momento, mesmo (e por vezes em especial) as mais malucas.
    • Esboce rapidamente, escreva rapidamente. Poderá dar-lhes conteúdo às ideias melhores mais tarde.
    • Use símbolos, metáforas ou tema. Alguns dos melhores conceitos usam simbolos reconhecíveis, como no exemplo do Zeldmen. Use a sua experiência de vida. Para sentir isto veja o teste de criatividade no site do Ron Reason e estude os exemplos de teste.
    • Não faça design. Irá fazê-lo mais tarde.
  3. Uma vez postas as ideias no papel, ponha o chapéu de crítico. Escolha as duas ou três melhores ideias e trate de lhes dar mais algum conteúdo. Agora já se pode permitir a pensar no design, tipos, cores e arranjo gráfico. Teste as suas ideias confrontando-as com o seu objectivo. A melhor ideia deve ganhar, mas mantenha-se flexível. As boas ideias podem ser sempre melhoradas.
  4. Mantenha a visão panorâmica Não se perca em detalhes. Trabalhe como um escultor. Comece com uma grande quantidade de ideias e vá refinando a partir daí, mas continue a observar o todo ao longo de todas as fases do projecto. Deixe os especialistas tratarem dos pequenos detalhes, e oriente-os de forma subtil quando necessário para se manter tudo na linha.

Dirija a arte

Bom, apresentou a sua ideia e o seu cliente adorou (e você também). Agora o site necessita ser produzido. O seu trabalho como director artístico acabou de começar, agora tem que tratar com o cliente, os programadores, os designers, o gestor de projecto e com todas as pessoas envolvidas no projecto. Todas estas pessoas podem contribuir com a sua visão e talento e o seu trabalho é assegurar que o resultado final seja tão próximo quanto possível do seu conceito. Eis algumas pistas para a fase da produção:

  1. Saber aquilo que lhe concerne. Como director artístico, necessita conhecer as tecnologias e como são usadas. Tem que saber o que é que cada pessoa da sua equipa faz, e porquê. Deixe-lhes os detalhes mas asseguere-se que sabe o que está envolvido. Tal irá permitir ganhar o respeito da sua equipa quando perceberem que não trabalha no vácuo e também o ajuda a ser realista.
  2. Mantenha os especialistas em alerta. Ser um jogador de equipa é bom, mas por causa do João prima-dona gosta de botões em baixo relevo e sombras de 20-pixel não quer dizer que você lhe autorize esses desejos.
  3. Seja aberto aos “sábios.” O João designer prima-dona pode ter razão (neste caso talvez não). Teste as sugestões dos membros da sua equipa contra o seu objectivo e o seu conceito. Se se encaixar tratar orçamentar tal, e deixe-os fazê-lo. Eles também sabem do metier deles.

É só isto?

Dificilmente. A parte mais difícil da direcção artística é razoavelmente o desenvolvimento de um conceito criativo e que faça sentido. Isto leva literalmente anos de prática na maior parte dos casos. Descobrir uma técnica de geração de ideias que se ajuste à sua personalidade pode demorar tanto ou mais. Mas os resultados podem ser de facto compensadores. Bom design é bonito, mas bom design baseado num conceito sólido irá ajudar a tornar os seus sites muito mais eficazes e importantes especialmente quando comparados com os da concorrência. Irá tornar os seus clientes muito contentes. Garantidamente.

E sendo optimista você irá gostar do processo.

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