Web,ruby, Ajax ou qualquer outra coisa que me venha a cabeça (com prioridade para esta última)

09 fevereiro, 2008

Corrupção - II

Hoje de manhã não sei porquê acordei algo para o cedo contra os meus hábitos de sábado. Estive a ver o programa da Sic Notícias onde estavam à convensa o editor de economia, o Eduardo Dâmaso (ex Público actual Correio da Manhã), Paulo Morgado (Capgemini), Saldanha Sanches (fiscalista) e Henrique Neto, ex-deputado, da Iberomoldes.

O jornalista da casa fazia perguntas óbvias. Paulo Morgado elaborava ideias para prevenir a corrupção. Henrique Neto dizia que por vezes havia que compactuar com a corrupção (noutros países) porque o primeiro dever de um empresário é manter as suas empresas a funcionar. Paulo Morgado não se referindo expressamente a esta afirmação disse algo como isto que era preferível que um empresário deixasse a sua empresa fenecer mas nunca compactuar pois só assim nos veriamos livres desta praga (as palavras não foram estas mas penso que representam razoavelmente o que foi dito). Saldanha Sanches defendeu que se deveria desregulamentar a construção na generalidade do país (manter contudo algumas poucas jóias como por exemplo Óbidos se percebi bem). O simplex ainda não chegou aqui. Eduardo Dâmaso tem andado a pesquisar processos já arquivados para ver o que lá está vertido e ver se encontra padrões dizendo que em Portugal estamos como em Itália antes da operação Mãos Limpas com sucessivas vagas de coisas menos claras. Henrique Neto contou generalidades do seu tempo no topo do PS.

Um dos episódios contado (não me lembro por quem) foi o da compra dos Airbus pela TAP (a primeira vaga) e disse que a investigação tinha decorrido cá durante 7 meses e que quando foi solicitado o auxílio das autoridades francesas houve uma paragem no processo de 5 anos, daí dizia que o novo código do processo penal iria simplesmente provocar o arquivamento de qualquer processo desta ordem de complexidade. Por acaso lembro-me de andar no American Language Institute no 5º ou 6º grau na altura e de alguém ter dito que um grupo de engenheiros aeronáuticos e outro pessoal das oficinas da TAP estaria para França uns anos antes da compra já a aprenderem a fazer a respectiva manutenção. Quando cheguei ao 8º grau lembro-me de ter ouvido falar da ida de pilotos 1 ou 2 anos depois julgo que com a compra ou pelo menos já com negócio encaminhado). Falou-se ainda dos primeiros tempos do Fundo Social Europeu e de como as pessoas empregavam o dinheiro para muito mais coisas do que a formação.

Falou-se ainda do financiamento de partidos mas sem novidade. Hoje li um argumento que me deixou a pensar sobre transparência e opacidade de financiamento, no mínimo interessante.

Claro que isto foi a repetição do programa que dá às 23h de quinta-feira.

5 comentários:

jocaferro disse...

Ontem de manhã fui "assaltado" pelo teor de 4 notícias que me deixaram perplexo:
1. Julgamento anulado de Isaltino de Morais, por uma pequena distracção. Passa novamente à fase de instrução;
2. Processo de agressão a Bexiga, no âmbito do processo contra Pinto da Costa, arquivado por falta de provas. A PSP "esqueceu-se" de recolher as ditas cujas;
3. PJ "perde" gravações de Valentim Loureiro;
4. O actual Casino de Lisboa desaparece de um dia para o outro da lista de Património do Estado.

Há coisas fantásticas, não há!?

@braço.

Carlos Afonso disse...

Falando de "assaltos"

1. Julgo que não esteja errado em dizer-se que qualquer pessoa que não tenha visto a sua pena transitar em julgado se presuma inocente. Ir a julgamento não deve ter uma conotação negativa. Errar é humano e quando se nota um erro há que o corrigir.

2. O actual director da Judiciária era o responsável por essa investigação.

3. "Perde", não acompanhei isso o meu tempo é demasiado selectivo e ou alguém é mais explicito ou não faço a mínima ideia do que é que estão a falar. Em traços gerais contudo se uma gravação não for obtida de forma legal pelas autoridades é normal que não possa ser usada como meio de prova, pois poderá não ser possível rastrear o seu trajecto. Ou "perde" tem outro sentido.

4. Bom acho que os gabinetes de advogados já devem estar a pensar quanto trabalho vão ter nos próximos anos e mesmo depois do fim da concessão. Se todos os concessionários de bens públicos os podessem dispôr como meios de garantia real sobre empréstimos era muito bom (para eles).

Há, há coisas fantásticas e uma delas é podermos estar aqui a escrever sobre isto sem desaparecermos como em "democracias" musculadas. Mesmo quando estamos em parcial desacordo.

Já agora leste o que diz o Warren Buffet na carta ou a proposta de financiamento dos partidos políticos.

jocaferro disse...

Parece mesmo que andas distraído:
1. Acho melhor dar uma vista de olhos e "ver" o que conduziu à anulação. Ninguém falou em inocentes/culpados;
2. Correcto, porém quem se "esqueceu" de recolher provas mesmo em cima do acontecimento foi a PSP. E por acaso foi a PSP do Porto;
3. Perde. Verbo perder. Perderam mesmo ou seja, desapareceram;
4. Não percebi. Talvez eu tenha expressado mal o meu ponto de vista mas na realidade o presente Casino era Património de Estado num dis e no dia imediatamente imediato deixou de ser. A incógnita aqui é para onde foi!?

Já agora aproveito para acrescentar mais um ponto, novamente escutado nas notícias só que hoje:
- O processo Apito Dourado corre o risco de ser completamente anulado e novamente por uma pequena distracção dos Tribunais.

Não sei se é tão linear o "podermos estar aqui a escrever sobre isto". Vontade de "mandar calar" não lhes deve faltar, mas também não é necessário ir tão longe pois basta "esquecer" tal como se tem provado nos últimos dias. Quando um cidadão é acusado de ter obtido um diploma de forma fraudulenta, para o que não faltam provas, assume-se como virgem ofendida e vai daí espeta um processo em Tribunal contra quem o acusou.
Quanto ao Diploma também, e mais algumas para o rol, houveram muitos esquecimentos e distracções. Foram datas de exames que calhavam num Domingo, desaparecimento do "dossier", esquecimento de que ainda não era engenheiro (se alguma vez o foi)no curriculum presente na AR, etc..

Em resumo, uma democracia de "esquecimentos" e distracções.

Também não percebi a relação com Warren Buffet. Conheço alguma coisa deste cavalheiro como por exemplo, ele ser o 3º homem mais rico do Planeta Terra e ter, há algum tempo atrás, que o pi passasse a 3,2 em vez de 3,14. Pouco mais.
O teu link liga para uma página onde é debatido "Quem é contra a transparéncia nos Governos?" da autoria de Ian Hayres.

@braço.

Carlos Afonso disse...

1. distracção (do teu comentário) = a erro (lapso ou cadeia de...) no meu comentário. Quanto à subtância julgo estarmos de acordo.

2. Não sabia. Não tenho acompanhado isso.

3. "Perde" está com aspas no teu comentário não percebi que era uma forma de realçares a questão, porra sou mesmo burro além de claro falar daquilo que não sabia e que continuo a não saber. Onde para o rasto, porque carga de água não há cópias (se necessário autenticadas) das coisas.
4. Os advogados devem já estar a ver, alguns se quem (a entidade que) procedeu à "doação" (aspas como realce e uso inapropriado do termo) tinha ou não capacidade/autoridade para tal no momento do acto, por outro lado os advogados do banco poderão começar a verificar se há, mesmo que remotamente, essa possibilidade e nesse caso tratar de ver se é possível ou não obter outra garantia real e finalmente os da Estoril Sol estarão a ver exactamente todos os argumentos de sentido oposto. Quanto a fazer parte do património do estado tinha compreendido perfeitamente e ter deixado também. Mas como dizes há coisas fantásticas.


5. Apito Dourado. Errar é humano (iiii...)

6. Títulos académicos. Fazer exames aos domingos só demonstra capacidade de iniciativa e acção e espírito GTD. Como sabes os processos contra o professor universitário que lançou a ideia de trapalhada foram arquivados.

Quanto ao WB peço-te desculpa mas julgava que este texto e o dos ordenados e compensações estivessem juntos. Era para os escrever em conjunto mas devo ter sido interrompido por algo urgente e nem me lembrei. E ainda por cima com a soneira esqueci-me de lhe colocar lá o respectivo enlace, que contudo se encontra no artigo lá citado.

Qualidade da democracia. Mais importante do que estarmos a apontar casos individuais, seria que discutissemos formas de prevenir os actos, criando leis mais simples, que mudem menos (para que as possamos interiorizar), que fossem mesmo para cumprir (e não houvesse a tendência para pegarmos numas quantas que achamos que temos que cumprir e que outras são opcionais). Que não nos fizessemos de virgens sentidas quando nos apercebemos que um dos nossos governantes (ou supostso líderes mesmo que de outras espécies - ex. Pinto da Costa e Valentim Loureiro) nem sempre se terão comportado com uma rectidão exemplar.

Tenho que admitir que a visão idealista do Paulo Morgado me seduz mais do que a ideia (excessivamente) pragmática do Henrique Neto.

Ora criar leis simples é o diabo. Propor que deixe de haver licenciamento municipal para obras (em Portugal programas como aqueles que se vêm na tv americana em que uma casa é mudada sem projecto aprovado seria impossível) seria algo quase impensável. A proposta feita pelo Saldanha Sanches de desregulamentação também, mas parece-me que seria o caminho mais interessante.

Um abraço

jocaferro disse...

Leis simples!
É mesmo o diabo.
100% de acordo com o restante.

@braço.