Os erros detectados em jogo didáctico no Magalhães podem ser mais perigosos para a cultura do que a concentração de investimento que representa ser entregue um Magalhães a uma parcela significativa das crianças em idade para a escola básica. Parece que uma parcela que não o vai ter é a parcela das pessoas com deficiência, algo que não abona favoravelmente em relação ao projecto do e-escolinha e a profusão de sinais do buraco de fechadura em sites públicos, mais conhecidos por ícone de acessibilidade, que claro não existem no site de tal projecto. Volto no final ao site do e-escolinha.
Ontem o meu irmão mais velho passou na tabacaria que me abastece de jornais e revistas, trazendo com ele a Ler de Março, nela, logo na capa, como "teaser" embora fora de contexto cita-se António Barreto dizendo: «O Magalhães é o maior assassino da leitura em Portugal»
. E António Barreto ainda não sabia desta notícia, mas claro que ele não se referia ao tal programa cravejado de erros.
Os erros detectados levam-me a pensar que seria interessante lançar um projecto de revisão de traduções em programas/manuais/artefactos "open source". O tal programa cheio de erros era uma "tradução" de um programa efectuada por um amador que não foi auxiliado com uma revisão em forma. Os erros eram na maior parte dos casos verdadeiras calinadas detectáveis com uma leitura cursiva. Houve, talvez, excesso de voluntarismo e demasiada boa vontade por parte do tradutor. Tive um colega de trabalho que tinha nascido em França, filho de emigrantes, que dava o mesmo tipo de erros sempre que era necessário escrever ou falar. Tecnicamente era brilhante, mas junto de um cliente não podia abrir a boca pois quando o fazia chegava a dizer o contrário do que o que queria dizer.
Voltando ao site do e-escolinha fico espantado com os «créditos e informação técnica»:
«Esta aplicação foi desenhada para monitores com uma resolução de 1024 x 768 pixels, nos quais pode ser utilizada em modo kiosk (F11). Segue as recomendações W3C, sendo estável nos browsers que as implementem. Testada nas versões de 2006 dos browsers Internet Explorer(recomendado), Firefox e Netscape para Windows.
Numa aula de Religião e Moral no meu primeiro ano do ciclo (o equivalente ao 5º ano actual, o nosso professor, um padre pede-nos um dia para fazer-mos o sumário da aula. Cerca de 40 por cento dos alunos faz um sumário com todos os pontos tratados nessa aula, mas nenhum (incluindo eu) tem nota positiva pois o sr. padre nos informa que estão todos errados pois a ordem não tinha sido aquela que os nossos enunciados dariam a entender. Ou seja estava errado um sumário que não reflectisse todos os pontos tratados e na ordem correcta. Neste «Créditos e Informações Técnicas» começo por não ver créditos de nada, seguindo-se informação técnica algo resumida e incorrecta. Dizer que se seguem as recomendações do W3C sem especificar quais é como dizer que se seguem os regulamentos aplicáveis, sem dizer quais, depois fala de um modo kiosk sem usar a expressão quiosque e termina com a pérola de recomendar o Internet Explorer e de nem sequer indicar como SO linux mesmo tendo o Magalhães uma distribuição Caixa Mágica.
Já agora no tal site não há separação entre "browser" e a palavra que se lhe segue: "que". Parece que nem uma revisão ao site fizeram.
. Que forma estranha de facilitar a acessibilidade à literacia em tecnologias de informação. Já apetece usar uma expressão do género. Porreiro Pá, não confundir com pó c...
Voltando ao jogo, se calhar têm que o usar na actual versão como meio de como não escrever. Género hoje a actividade é detectar o máximo número de erros, ortográficos e gramaticais num jogo...
Duas pequenas notas: falhar é bom e gcompris corrigido.
10 comentários:
Se calhar era bom informares-te antes de falares só baseado num jornalismo medíocre, que é subserviente e que tem uma característica formidável: "Se for mais polémico que a realidade então publique-se, é mentira? não interessa!"
Podes ler aqui a REALIDADE! E talvez percebas a REALIDADE da situação: http://pinguinsmagicos.blogs.sapo.pt/38808.html
Helder, tens toda a razão quanto às actualizações que o programa sofreu e de que eu não tinha a mínima consciência terem ocorrido.
Quanto à tradução original, por muito brilhantismo técnico e humano que o tradutor em causa tenha de facto foi excessivamente voluntarioso. Não basta saber é também necessário saber comunicar em português que se reconheça como tal.
Já agora não é o primeiro documento mal traduzido, aqui há uns anos, poucos, o Público editou uns livrinhos com contos para crianças. Se alguém os leu verá que o problema, dos erros ortográficos e nalguns casos gramaticais, é recorrente.
Mesmo os projectos livres têm que ter revisões. É o que me assinalas ter já tinha sido feito em dois momentos um em Outubro do ano passado e outro mais recentemente.
No entanto ter um jogo didáctico onde intencionalmente houvesse erros talvez não fosse tão mau como isso, seria uma forma de os garotos verificarem que nem tudo o que é embalado em computadores está isento de erros.
Se acompanhas este blogue é possível que te lembres de ter aqui apresentado um projecto com erros intencionais de modo a despertar um pouco de espírito crítico aos jovens, o allaboutexplorers de modo a não se limitarem a um corte e cola acrítico.
Gralha de burrice de corta e cola
...É o que me assinalas, em relação ao caso concreto do GCompris, ter já ocorrido em dois momentos um em Outubro do ano passado e outro mais recentemente em Janeiro.
Mais uma gralha...
Já agora, não é o primeiro documento, com um público alvo constituído por crianças mal traduzido...
Perfeito. Mas demonstra o que é o nosso jornalismo... e em como se cria uma péssima imagem sobre um produto com valor. Ou será que a retratação do(a) jornalista e do Expresso terá as mesmas honras que teve a primeira página? Terá honras de televisão?
E já agora, que tal uma primeira página do Expresso, a revelar a catadupa descomunal de erros que, os manuais do ... Ministério da Educação, aprova e permite que as Escolas escolham também apresentam? E que tal uma primeira página com os erros dos Exames que o ... Ministério da Educação PRODUZ para fazer as provas Nacionais?
Claro, como cada vez mais as Crianças/Pais andam a escolher uma alternativa válida (Caixa Mágica) pelo seu valor, há que mandar abaixo, mesmo que seja sem razão, para poder prevalecer o Medíocre (Microsoft Windows)!
Helder, produtos como o Caixa Mágica ou a distribuição de Linux da Universidade de Évora, são algo a acarinhar.
A forma de acarinhar um projecto não deve ser totalmente guiada pela paixão pelo projecto que por vezes nos pode cegar. É necessária paixão e alguma capacidade de crítica e até autocrítica quando estamos directamente envolvidos.
Assusta-me que um jornal dito de referência ache que um programa em mil e tal, que contenha erros mereça (des)honras de primeira página. Mas tal poderá dever-se à falta de notícias para encher as actuais poucas páginas do primeiro caderno desse jornal.
Ou ainda ficar a dever-se a algum frete...
:) Sem dúvida.
E sim, sou altamente apaixonado pelo Open Source (Nacional ou não) e não tenho um ódio especial à Microsoft, ao contrário de muitos outros que conheço, só porque sim. Se ela fizer bom software, cá estarei para o elogiar, conforme acho que o Adobe Reader é o melhor leitor de PDF's que encontro, por exemplo. Agora, não me digam que a Microsoft faz bons Sistemas Operativos. Porque não faz, PONTO! Eu trabalho com eles ao nível de servidores, ao nível de PC se secretária e não são bons sistemas operativos. Como sou ddo ramo tenho imensos amigos que me pedem manutenção, seja por estarem infectados de vírus, trojans, etc., seja porque ao fim de 4 ou 5 meses ficou lento como tudo, seja porque simplesmente deixou de funcionar. As pessoas têm a mania de falar dos sistemas Microsoft dizem-do: Ha e tal, simplesmente funciona. Não é bem assim, se ao fim de 4 meses já não tens o sistema que tinhas, se em poucos dias de acesso à Net ficas cheio de vírus, etc., fazes reboot n vezes por dia simplesmente porque sim, então das duas uma, ou achas que isso é o funcionamento normal e então sim, simplesmente funciona e a ideia está correcta, ou então não é como dizem e simplesmente NÃO funciona.
Mas isto já vai longo e não tem directamente a ver com o teu post por isso fico por aqui.
O problema das entidades que têm grande base de sustentação (grandes empresas, grandes países, ...) é tenderem para a mediania, não se preocupando em ser excelente.
Um dos actuais motes no desenvolvimento quer de programas quer de empresas é o de falhar depressa, corrigir/mudar mais depressa.
A minha crítica em relação à tradução é mais neste sentido. É preferível ver um erro exposto e tratar dele rapidamente, como foi efectuado, do que ficar muito zangado quando alguém o assinala.
Será que o expresso já se apercebeu do ridículo da questão para aparecer numa primeira página.
Quando há uns meses o primeiro-ministro foi entrevistado, não me recordo por que canal, as suas respostas contiveram 46% de erros. Houve mesmo quem disse-se que se fosse na sua empresa tal funcionário receberia carta de despedimento com brevidade tal a ignorância demonstrada.
Mesmo que a tal tradução do programa fosse uma falha de nota zero tanto quanto me parece o conjunto ainda teria nota positiva 1 em mil e tal não tem qualquer expressão.
Estar apaixonado por aquilo que se faz é importante. No entanto como sabes está cientificamente provado que a paixão nos cega...
Acho estranho contudo é que não tenha recebido mais notas a darem-me na cabeça pela minha ignorância factual sobre as correcções que a tradução já tinha sofrido.
Achei espantoso contudo que alguém acompanhasse os meus comentários aos seus próprios comentários tão de perto.
Obrigado. Continua a discordar de mim sempre que o achares adequado.
P.S. O comentário censurado foi um comentário abortado que só continha uma letra.
Enviar um comentário