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21 março, 2010

Incerteza

A incerteza está presente quotidianamente. Temos incerteza se entramos ou não numa universidade, se casamos ou não, se Portugal ganha ou não o Mundial, etc.

Para a maior parte de nós, algo incerto é algo que desconhecemos. Para os cientistas, contudo, incerteza é quão bem sabemos algo. Esta é uma diferença de enorme importância, em especial quando tentamos compreender o que é que se sabe sobre alterações climáticas.

Em ciências, não existe certeza absoluta. Mas, a investigação reduz a incerteza. Em vários casos as teorias foram ensaiadas, analisadas e examinadas de tal forma tão profundamente que a possibilidade de estarem erradas é ínfima. Outras vezes as incertezas mantêm-se independentemente de a investigação ter sido ou não prolongada. Nestes casos os cientistas incluem entre as suas tarefas o de tornarem conhecido quão bem sabem algo. Quando existes zonas de ignorância, os cientistas qualificam as evidências de modo a que outros não formem conclusões que vão para além do que é sabido.

Mesmo parecendo contra-intuitivo, os cientistas gostam de apontar o grau de incerteza. Porquê? Porque gostam de ser tão transparernte quanto possível e tal indica quão bem certo fenómeno é compreendido. Os cientistas desenvolveram expressões relativas à incerteza, tais como "confiança elevada" (9 em 10 hipóteses de estar correcto) sobre determinado facto e "muito provável" (90 hipóteses em 100) para descrever a probabilidade de um resultado.

Os decisores políticos usam informação científica na tomada de decisão continuamente. Mas podem efectuar uma escolha errada, muito grave, se aquilo que se desconhece não for levado em linha de conta. Por exemplo, os planificadores urbanos poderiam eventualmente deixar construir em cima de falhas sísmicas. Por razões deste género a incerteza joga um papel central no contexto das políticas públicas

Contudo, esta cultura de transparência tem causado problemas às ciências que estudam as alterações climáticas. Os negadores das alterações ligam projecções de incerteza com não saber nada. A verdade é que a ciência sabe algo sobre alterações climáticas. Aprendemos por exemplo, que queimar combustíveis fósseis ou queimar uma floresta liberta dióxido de carbono. Aqui a incerteza é muito, muito baixa. Aprendemos que o dióxido de carbono e outros gases de estufa se concentram na atmosfera e que sequestram calor. Aqui a incerteza mantêm-se no patamar de quase inexistente. A Terra está a aquecer, e os cientistas estão algo seguros sobre de origem antropogénica do aquecimento nos últimos 50 anos.

Os cientistas sabem com confiança elevada que:

  • O nível médio das águas do mar tem subido;
  • Os glaciares e os gelos permanentes estão a diminuir;
  • Os oceanos estão a ficar mais ácidos;
  • As dimensões de animais e plantas está a mudar.

Os cientistas estão contudo incertos sobre quanto aquecimento irá ocorrer no futuro (várias estimativas com valores entre 1 e 7 graus Celcius até 2100). Grande parte da incerteza é induzida pela própria acção do Homem, dependendo das escolhas que façamos.

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