Primeira Sessão
Isto é uma tradução parcelar de: http://www.w3.org/2007/eGov/symposium-spain-report.
Peter Brown, O eGovernment perdeu-se?
- Muito do que passa por eGovernment segue o mesmo padrão: é só uma administração "baseada no papel" que usa ICT e artefactos digitais, usando aproximações velhas e familiares baseadas nos conceitos de administração pública dos séculos 19 e 20. eGovernment por outro lado deve ser mais do que isso, é um processo de profunda transformação que toca todos os aspectos de entrega do serviço e deve procurar tirar vantagens que a tecnologia oferece hoje, em vez de simplesmente mimetizar as oportunidades necessariamente limitadas do mundo baseado no papel.
- eGovernment não é tecnologia é providenciar serviços aos cidadãos
- Alguns governos estão orgulhosos dos seus projectos de cartões electrónicos de identificação, onde é mais evidente pensar em identificação electrónica: porque é que falamos sobre isto? Precisamente por que se trata de um artefacto do mundo real.
- Foram construídos demasiados portais. Os cidadãos encontram demasiados pontos de contacto com o governo/estado o que os confunde. Seria melhor integrar e oferecer um só ponto de entrada onde possível.
- Um problema específico na União Europeia (EU) é que a administração pública é exclusivamente nacional e competência de cada estado membro, e independentemente da necessidade de um número crescente de serviços trans-fronteiriços, a EU só pode oferecer directrizes e actividades de apoio. Não tem mandato para impôr nada.
- Os estados membros tendem a concentrar-se na resolução de problemas de modo local em vez de cooperarem com outros para os resolver numa escala maior.
- A cooperação deve ser principalmente conduzida ao nível organizacional/político, não tanto necessário ao nível da infraestrutura onde a federação é o caminho a seguir.
- Gestão do conhecimento: 50% dos funcionários públicos nos EUA (75% destes são gestores de séniores) irão reformar-se dentro de menos de 7 anos. As administrações têm necessidade de capturar o seu know-how antes de eles sairem.
- "Falsos picos" de Web Semântica. HTML->XML->RDF->OWL->RIF... onde é que isto irá parar? Perigo de desenvolver demasiados (e complicados) standards pode levar a que os governos tenham receio de os usar.
- É necessário manter a comunidade não tecnológica no barco. A interoperabilidade não é um fim em si mesma, é um meio para alcançar fins específicos de entrega de um determinado serviço ou necessidade.
Para uma vista mais profunda dos temas da palestra do Peter ver a sua própria entrada em: http://www.xmlbystealth.net/blog/2007/02/w3c-european-symposium-onegovernmet.html.
Daniel Dardailler
Os slides desta apresentação podem ser encontrados em: Daniel Dardailler - eGov - Gijon.
Nas suas observações finais como conclusão disse:
Quem produz políticas tem que compreender os princípios e a arquitectura fundamental da Web
- Capacitadores chave: quem faz as políticas tem que compreender os princípios e fundamentos da arquitectura da Web
- Os perítos do eGov devem envolver-se na direcção das especificações que necessitam dentro do W3C
- Elevado Impacto: O eGov deve considerar as tecnologias W3C como uma caixa de ferramentas incluindo soluções para privacidade, acessibilidade, qualidade, segurança e tratamento semântico de dados
- O eGov deve suportar: i18n, multimodo, preparado para o móvel e acessível a todos
- Os governos devem ajudar a definir standards Open IST e verem com cuidado a Política de Patentes do W3C
Miguel Márquez
Painel com os anteriores oradores e Klaus Birkenbihl (W3C) que o moderou e Juan Miguel Márquez (Director Geral para a Modernização da Administração do MAP). Este fez uma introdução:
- Recomendação e apoio para a substituição de procedimentos em papel por procedimentos na Internet.
- Exemplo: o requisito de dar uma fotocópia do bilhete de identidade para cada processo administrativo. O Ministério efectuou um estudo e descobriu que em mais de 90% dos casos era desnecessário, assim deixaram de o exigir desde o início de 2007.
- O projecto do Bilhete de Identidade Electrónico (eID) um sucesso: + de 340 serviços em só 6 meses.
- Normalização: fazê-lo "no laboratório" sem ter em conta os cenários do mundo real não funciona de todo. Deve ser feito em paralelo com a implementação de soluções para cenários específicos.
- Começar localmente nem sempre é mau. A infraestrutura eID foi primeiro implementada numa dada região (Andaluzia) e depois submetida ao ministério onde teve bom acolhimento e sendo assim foi usada. As outras regiões estão agora interessadas no seu uso também.
- Por vezes enfrenta-se o mesmo problema EU ao nível nacional: os governos nacionais podem recomendar às regiões mas dificilmente podem impor.
- Interoperabilidade: ainda um problema, demasiadas propostas e teorias, pouco usadas na prática. Provavelmente um bom fundamento como critério, mas são necessárias soluções mais práticas.
Discussão da Sessão
Da discussão que se seguiu notaram-se um certo número de pontos de convergência entre os oradores:
- A forma de desenvolver serviços eGov deve ser completamente diferente da forma de desenvolver serviços baseados no papel. É necessária uma profunda transformação que toca todos os aspectos de entrega do serviço e envolve as administrações, os cidadãos e a indústria.
- As necessidades dos governos não são sempre preenchidas pelos serviços desenvolvidos pelos fornecedores de IT. A indústria deve ser mais aberta e trabalhar em conjunto com os governos para melhorar a definição de tais necessidades de modo a que os governos possam entregar melhores serviços aos cidadãos.
- Embora os projectos de eID estejam aí, há muito a fazer em termos de identidade, privacidade, confiança, por exemplo na forma de ligar os dados de eID a um único cidadão. O roubo de identidade foi e é ainda uma preocupação, por exemplo se alguém roubar o eID de outrem. Há discussões sobre biométrica e como ela pode ajudar a resolver esse problema no futuro. Peter deu um prazo de menos de 10 anos aos eID a favor da biométrica.
- Interoperabilidade ainda não está cá. É verdade que as coisas têm melhorado, que alguns governos estão a usar SOA, e que há actualmente algum trabalho mas que isso não é só um assunto técnico e que há necessidade de muitas mais soluções práticas e específicas de modo a suceder a todos os níveis.
- O uso de standards abertos é obrigatório. É actualmente difícil usar só standards abertos visto ser necessário um período de transição, mas os governos devem abraça-los gradualmente.
- O W3C tem que ver como certas tecnologias são desenvolvidas, isto é, Acessibilidade Web. Orientadas pelos utilizadores, internacionalmente aplicáveis, completamente abertas. O W3C deve pensar em ajudar e orientar a comunidade eGov de modo a alcançar estes objectivos, principalmente pensando em Melhores Práticas e tentando imaginar com a ajuda da comunidade se faltam alguns blocos construtivos que sejam necessários fazer. Os governos e a indústria devem trabalhar com o W3C para o tornarem possível.
Sessão 2 -- Governo e Cidadãos
Steven Pemberton
Steven Pemberton (W3C) abriu a sessão com a palestra Tecnologias do W3C para dessiminação de informação e interacção. Começou por fazer uma revisão das alterações no campo da interacção, desde os primórdios do HTML. Como é que o HTML progrediu, como chegou o CSS e como a batalha para a separação de conteúdo e apresentação está praticamente ganha (não viu ainda as páginas recentemente produzidas em Portugual). Deu alguns exemplos de como as CSS tornam possível a separação e de como é que já não há debate sobre a sua utilidade.
Depois explicou como é que tudo tem evoluído nos últimas anos para o XHTML2 e as XForms e quais as principais razões que as tornam mais poderosas: melhor estrutura, adicionar separação de lógica (para além da anterior separação de apresentação e conteúdo), semântica melhor e mais consistente, melhor distribuição para dispositivos diferentes, mais acessível, muito menos código. Enfatizou o poder e as vantagens de linguagens declarativas (como as mencionadas) sobre as linguagens de programação da web tradicionais tais como o JavaScript, ASP, JSP e PHP. As declarativas são mais curtas e mais fáceis de escrever, mais difíceis para se introduzirem erros, os programas são mais ligeiros, mais fáceis de testar e depurar.
Terminou dando alguns exemplos de uso real em sectores verticais, mencionando o eGov como um dos sectores onde o uso destas tecnologias pode ser muito útil como por exemplo o uso que o Planning Inspectorate do Reino Unido está a fazer delas.
Adam Bailin (Central Office of Information (COI), Governo dos RU) falou sobre Política, standards e legislação no eGov, revendo os esforços do governo do Reino Unido. Reviu a e-GIF (Infraestrutura de Interoperacionalidade do e-gov) que foi construída para alcançar interoperacionalidade entre organismos públicos. O seu uso de standards do W3C (HTML, XML, Schemas, XSLT) e de outros como o CEN, ISO e Dublin Core. Um registo central de standards, esquemas, etc é mantido pelo COI e os organismos públicos que desejam interoperacionalidade têm que os usar. Deu dois exemplos de projectos que usam o e-GIF: Government Connect que liga organismos públicos locais e central e o Government Gateway para cobrança de imposto em linha.
O governo do Reino Unido ainda enfrenta um número de desafios, os mais representativos são: os Serviços Conjuntos é normalmente difícil aos cidadãos encontrarem um ponto de entrada único para conduzirem o processo; Adam deu o exemplo de que o "Cidadão tem necessidade de contactar o estado 44 vezes após a morte de um familiar", Partilha de Dados, o governo do Reino Unido explora opções para proteger a privacidade dos cidadãos de acordo com o Data Protection Act, e o Serviço de Transformação cujos serviços devem ser orientados por requisitos de negócio e não pelos processos antigos (como tinha sido apontado por Peter Brown na Primeira Sessão).
Depois falou de eAcessibilidade. O governo do Reino Unido efectuou dois importantes estudos, um em todo o país envolvendo 1000 sítios dos sectores público e privado (2004) e outro durante a presidência da EU (2005) onde mais de 400 websites do sector público dos 25 membros da EU foram avaliados. Em relação ao último mais de 70% dos sítios Web não estavam conformes o Level A das WCAG e nenhum sítio estava conforme o Level AA das mesmas, mesmo nos países em que tal é regulamentar. Usam uma mistura de teste automático e avaliação por utilizadores e descobriram que as WCAG 1.0 cobriam só 50% do que necessitavam de verificar. Mencionou o Bristish Standard PAS 78 como o requisito legal no Reino Unido. Adam recomendou um guia (desenvolvido pelo COI) para boas práticas quando se manda fazer sítios acessíveis que funcionam de acordo com as directrizes WAI e que também define uma política de acessibilidade e a importância estratégica da eInclusão, o uso da tecnologia para evitar a exclusão social.
A terminar reviu as Directrizes para os sítios Web do governo do Reino Unido. O COI mantem o domínio .gov.uk que tem mais de 4000 sítios registados. Os cidadãos ficam confusos sobre o número de sítios web e o ponto de contacto único. O COI irá fechar 500 dos sítios nos próximos meses numa estratégia de redirigir os cidadãos para um único portal chamado DirectGov, o governo do Reino Unido irá criar campanhas individuais para alcançar uma consolidação de brand neste portal. Os desafios no futuro próximo são melhorar a acessibilidade da Web para um mínimo do Level AA e como influenciar a política ministerial do lado da tecnologia.
Eric Velleman
Eric Velleman (Fundação Bartimeus Accessibility, Holanda) falou sobre a Experiência do Cidadão com o EGov [PDF], focando os problemas de acessibilidade Web que os cidadãos enfrentam. Observou que nesta sociedade que cada vez é mais tecnológica tem também que se tornar mais social e mais universal para os cidadãos. Referiu-se a vários estudos na Holanda e na EU e mencionou alguns números a ter em conta:
- 48%, na EU, das casas têm acesso à Internet e que 23% em banda larga,
- 91% da empresas têm acesso à Internet e que 63% em banda larga,
- Que o acesso à Internet a partir de casa vai dos 16% na Lituânea aos 78% na Holanda
- que o principal meio de comunicação com o estado é ainda face-a-face (80%) e que a Internet ocupa menos de 20%.
Reviu ainda os resultados de um workshop tido pela agência governamental na Holanda em Novembro de 2006 entitulado "O que é que querem os cidadãos?" com o objectivo de identificar problemas à volta do eGov e melhorar os eServiços para os cidadãos, perguntando-lhes directamente. Analisando as respostas, descobriram que os cidadãos não sabiam exactamente o que queriam, mas que esperavam respostas claras e simples aos seus problemas. Os participantes concordaram que a informação e os serviços devem ser eficientes, eficazes e acessíveis a todos. A confiança, transparência e responsabilidade também se revelaram como temas importantes. Mencionou um exemplo de um sítio pedir informação de cartão de crédito ao cidadão quando o cidadão estava só a requerer a emissão de um novo passaporte, e esse sítio não estava debaixo da alçada do governo mas era contratado a uma terceira parte; os cidadão estão preocupados com a utilização do serviço devido a isso. Assim os governos devem rever as suas orientações políticas e tornar claro aos cidadãos porque é que perguntam dada informação de modo a que os cidadãos saibam o que esperar quando fornecem dada informação num dado sítio.
Mencionou como a Acessibilidade Web melhora o acesso à informação para todos e como é necessário melhorá-la. Bartimeus tem uma marca de qualidade para premiar sítios web que estão/são conformes as directrizes nacionais sobre o assunto, que são principalmente baseadas nas WCAG. Bartimeus testa 130 sítios web governamentais todos os anos e poucos obtém este selo de qualidade. O que é pior, detectam os mesmos erros nos mesmo sítios todos os anos embora todos os sítios novos do governo central tenham que estar conformes as directrizes nacionais (baseadas no WCAG) desde 1 de Setembro de 2006. Há uma falta de conhecimento nos governos sobre soluções, falta de harmonização entre agências e países. Eric citou dois projectos nos quais Bartimeus esteve envolvida como exemplo de melhoria: Bentoweb está a criar módulos para testar pontos de verificação WCAG adicionais e WabCluster está a produzir uma interpretação harmonizada das directrizes (Unified Web Evaluation Methodology).
Painel
Juntaram-se aos oradores Francisco García Vieira (Red.es, Agência para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação de Espanha) para moderar o painel e José Manuel Alonso (W3C/CTIC).
Os pontos principais da discussão foram:
- A acessibilidade é importante mas deve fazer parte de uma maior grupo de requisitos para melhorar a experiência do cidadão, falta uma ligação à usabilidade. Por vezes esquecido o conteúdo é importante.
- WCAG 1.0 é bom, mas devem estar mais focados em casos práticos. WCAG 2.0 irá melhorar isto. O teste por utilizadores é importante.
- Melhores Práticas e Metodologias são vitais, mais do que standards. Os standards devem vir depois. Os governos necessitam de ajuda para escreverem os requisitos específicos nos contractos. O problema é que podem colocar algo como "esta aplicação deve estar conforme o Level AA das WCAG" e vários fornecedores não sabem sequer o que é que isso significa, alguns que o sabem, dizem que esses requisitos não estão claramente definos e que alguns não podem ser testados. É necessária mais educação e mais divulgação em ambos os lados.
- Mais e mais dispositivos disponíveis ao público e governos para oferecer serviços de eGov, telemóveis, IPTV, TDT... e a acessibilidade é imperativa para todos eles. Isto é apercebido pelos governos como uma barreira e não como uma vantagem.
Sessão 3 -- Governos e Indústria
Yves Lafon (W3C) começou a sessão a falar sobre Web Services: Blocos de Construção e Prospectiva, onde reviu a pilha de Web Services no W3C. Falou daquilo que é mais habitual ser usado e dos standards mais conhecidos na área, tais como WSDL e SOAP, como evoluíram nas suas novas versões (actualmente em desenvolvimento), e também sobre um número de novos standards tais como XOP, MTOM, WS-Policy e Choreography. Terminou falando de modos de adicionar semântica aos Web Services: Semantic Web Services, o que irá permitir que ligar a serviços assegurando que falam a mesma linguagem com o mesmo significado, isto é, unindo dados de diferentes origens ou obter os 2 serviços que de uma lista de 50 candidatos façam exactamente o que o utilizador deseja.
Serge Novaretti (Comissão Europeia) introduziu a European Interoperability Framework (EIF) que foi concebido pelo IDABC, o programa de interoperabilidade da Comissão. A Comissão Europeia não tem mandato legal por si para se tornar activa em IT; os temas de administração ou eGov são um domínio dos Estados Membros, mas a Comissão está a solicitar explicitamente aos Estados Membros que tenham representantes no seu comité de gestão. O IDABC promove e auxilia o eGov e a interoperabilidade com um orçamento global de 148.7 M EUR para cinco anos (2005-2009). Todos os seus contractos são feitos através de concurso e o seu programa de trabalho foi aprovado pelos Estados Membros e pela Comissão. O IDABC trabalha com estados membros e instituições para o estabelecimento de serviços verdadeiramente pan-europeus para cidadãos e para os agentes económicos e tem um certo número de actividades, isto é, o portal "A Sua Europa", um ponto de acesso único para os cidadãos se informarem sobre informação transfronteiriça e acesso a eServiços.
O EIF, “European Interoperability Framework for Pan-European eGovernment Services”, Versão 1.0 (editado em 2004) tornou-se um dos mais conhecidos e influentes documentos do IDABC. A maior parte do documento foi amplamente bem aceite. Várias experiências com significado com infraestruturas nacionais têm ocorrido desde a criação do documento. Os principais objectivos do EIF são auxiliar a estratégia da União Europeia para sumplementar a interoperacionalidade nacional e auxiliar alcançar interoperacionalidade. Os seus princípios subjacentes são:
- Acessibilidade e Multilinguismo
- Segurança/Privacidade
- Subsidiaridade
- Uso de standards abertos
- Aceder às vantagens do Open Source Software
- Uso de soluções multilaterais
Há algum Criticísmo/Suporte/Debate sobre afirmações sobre abertura (standards abertos e software live) e a diferenciação entre níveis de interoperabilidade. O EIF está a evoluir para a versão 2 que irá ser muito mais prática; há um estudo preparatório e irá subsequentemente ocorrer uma profunda revisão. O IDABC pensa publicar a Versão 2 no princípio de 2008.
Serge mencionou ainda brevemente dois novos projectos que estão a incubar para suportarem EIF: o desenvolvimento de uma XML Clearinghouse (câmara de compensação) e uma análise e uso de Open Document Exchange Formats. A terminar concluiu dizendo que "pensar sobre interoperabilidade é mudar de modo de pensamento."
América Álvarez González (Director-Geral IT, Governo das Astúrias, Espanha) foi para o palco para falar sobre o caso real da região das Astúrias e a sua Estratégia de EGov Aplicada (em Castelhano). Explicou como é que a região tinha progredido da sua antiga infraestrutura de IT para uma nova de modo a oferecer a melhor experiência de eGov possível aos cidadãos, construindo uma infraestrutura comum e interoperável, baseada em standards abertod que se liga internamente a todos os pontos da administração. Um desafio é ser conforme os standards, não por causa dos próprios standards mas devido ao número de pessoas envolvidos nos procedimentos: nas Astúrias um grupo de 80 pessoas de IT tem por função cuidar dos procedimentos técnicos e educar os 33 000 funcionários públicos habituados aos antigos mecanismos o que não é uma tarefa fácil.
Ela referiu várias vezes que além da tecnologia os governos têm que ter sempre em atenção as necessidades dos utilizadores e oferecerem o melhor eServiço para tal desidrato. Recomendou começar com eServiços com alto impacto, fazendo com que funcionem bem, porque assim se demonstra o potencial da eAdministração e ajuda a progredir de modo mais fácil. Para o alcançar são necessárias uma profunda mudança dos procedimentos organizacionais e da administração interna. Ela avisou ainda de que mesmo tendo alcançado este objectivo o esforço pode ser debalde se os cidadão ignorarem que o eServiço existe (é necessário publicitá-lo) ou se os cidadãos não souberem como o usar (é necessário instruí-los).
A interoperabilidade é obrigatória e uma necessidade a todos os níveis para ela: organizacional, semântico e técnico; deve ser alcançada usando standards abertos e serviços web e cooperando com diferentes níveis de administração: local, regional, nacional e europeia. A não esquecer: privacidade e segurança constroiem confiança de modo a que os cidadãos usem os eServiços.
Miguel Ángel Amutio (Ministério da Admninistração Pública (MAP), Espanha, e membro do comité de programa do IDABC) juntou-se aos oradores para um painel moderado por Alberto Mijares (CTIC). Miguel Ángel introduziu algum do trabalho do MAP, isto é, o desenvolvimento de infraestrutura de interoperabilidade nacional, no seguimento das directrizes do EIF. A interoperabilidade facilita a interacção de diferentes visões na Europa a todos os níveis, mas não é fácil de alcançar. Um número de níveis interdependentes necessitam de ser interoperáveis, desde a infraestrutura até à semântica.
Acessibilidade e uso de standards abertos (isto é como definidos pelo W3C e a sua orientação sobre patentes) muito importante; objectivo: acessibilidade à informação multicanal, integral e segura. Desafios: não há uma só referência para seleccionar de entre os multiplos standards abertos, difícil para os governos dicidirem. Além disso os governos não sabem se os standards escolhidos continuaram a ser desenvolvidos e mantidos ou se podem expirar no futuro; não está ao alcance do seu controlo visto serem desenvolvidos noutro local. Possível cooperação entre o W3C e os governos.
Após a introdução de Miguel Ángel o painel iniciou as discussões e respondeu a perguntas da audiência, de realçar:
- Web Services são uma excelente ferramenta para ajudar a que sistemas independentes possar interagir, infelizmente os produtos que os implementam nem sempre funcionam como se espera e os governos têm que investir mais dinheiros de modo a ajustá-los às suas necessidades.
- A interoperabilidade ao nível semântico é mais fácil alcançar se os dados semânticos forem expostos. É necessária cooperação entre Estados Membros para modelar estruturas comuns de dados; A Comissão Europeia pode ajudar.
- Uma infraestrutura sólida baseada em standards e serviços abertos é chave.
- A EU enfrenta um problema de multilinguismo único: mais de 20 idiomas falados e a informação tem que ser oferecida em todos eles ao nível da EU. Eis um outro desafio para alcançar interoperabilidade e fazê-lo é mais difícil acordar sobre semântica.
- O uso de Open Source Software é e deve ser encorajado pelos governos, mas tal não é suficiente. Os governos devem eles mesmo envolver-se nas iniciativas de software aberto e standards abertos e estabelecer os requisitos aí e não posteriormente. Suporte da EC; Estabelecimento de um Observatório de OSS Observatory, desenvolvimento de projectos piloto e desenvolvimento de uma licença do tipo do GPL para o seu software.
- O Procurement é outra fonte de interesse e a EU e os Estados Membros estão a passar dos seus procedimentos tradicionais, isto é aberturas de concursos, para eServiços que irão permitir, principalmente à indústria, executá-los completamente em linha no futuro próximo.
Sessão 4 - Adquirir, Arquivar e Recuperar Conhecimento: A Web Semântica
Ivan Herman (W3C) começou a sessão a falar sobre as promessas da Web Semântica, e onde introduziu as tecnologias de Web Semântica como uma aproximação para a resolução de problemas. Começou com uma tarefa que os utilizadores da web têm que usar com frequência: a pesquisa. Assim tentos responder à questão: "Quem é Viviane Redding?" (nota: é a comissária europeia para os Media e a Sociedade da Informação). Começou por mostrar como é que os utilizadores fazem a pesquisa e o trabalho manual que têm com uma grande quantidade de informação e navegar através de várias páginas até chegarem a algo realmente útil. Muitas dessas páginas são geradas por inquérito de base de dados, mas as base de dados por detrás dessas páginas não são integradas. Se alguns dos dados estiverem disponíveis para que as máquinas possas proceder a processamento adicional os dados podem ser possivelmente ser combinados e unidos numa escala global.
Mostrou um exemplo desde o início: como é que funcionaria a pesquisa da informação sobre um livro e mais informação a partir desse ponto. Referiu-se ao problema de encontrar uns pedaços de informação aqui outros ali, vindos de conjuntos de dados diferentes, todos possivelmente de diferentes origens na web, eventualmente todos com diferentes formatos. Enfatisou a importância das URI para endereçar esses pedaços de dados de modo unívoco e a importância das tecnologias de Web Semântica que permitem a esses pedaços de dados, mostrando toda a informação (combinada) de um modo consistente. Podem ser executadas várias operações sobre um novo conjunto de dados, tais como inquéritos sobre o conjunto como um todo, ou encontrar informação com um só passo. Algumas das tecnologias que foram concebidas e que são usadas para esse tipo de aplicações incluem RDF, OWL e SPARQL. Disse ainda que estas aplicações podem tornar-se mais poderosas, por exemplo usando terminologias comuns que a comunidade tenha produzido ou regras comuns, não tendo dado detalhes.
Depois referiu-se a dois temas que se pode pensar sobre a Web Semântica: é demasiado complicada e que se encontra só ao nível da investigação. Na sua opinião a primeira surge porque a indústria provavelmente necessita de mais educação e difusão sobre este novo tema e exemplos mais simples (como o usado por ele) e a segunda e em relação à segunda e última há várias pequenas empresas a usarem tecnoligia de Web Semântica, algumas criadas à volta desta tecnologia e algumas grandes que a começaram a usar, mas muitas das aplicações mais potentes da Web Semântica são usadas com dados internos. Ivan disse que se a Web Semântica vier a ter sucesso os dados devem ser expostos de modo a permitirem os inquéritos tal como ele explicou. Mostrou vários exemplos desta tecnologia em diferentes áreas: bioinformática, integração de dados, portais e mesmo para exprimir direitos autorais de conteúdo digital na Web. Juntou algumas estatísticas, mais de um milhão de utilizadores a usar CC usando RDF (de forma transparente mesmo sem o saberem).
Vassilios Peristeras e Maciej Zaremba (Universidade Nacional da Irlanda, DERI Galway) apresentaram uma infraestrutura e o projecto para alcançar serviços web pan-europeus usando tecnologias de web semântica na sua perleção WSMO-PA:Towards a generic Public Administration Service Model.
Vassilios enfatisou a importância dos serviços e a construção do Modelo de Referência de Serviço de Administração Pública. Mencionou que é muito complicado devido à necessidade de muitos concensos difíceis de alcançar. O modelod e negócio deve ser descrito de forma completamente independente da IT; deve mesmo funcionar sem nenhuma IT. Mostrou um modelo genérico que desenvolveram nos últimos 4 anos sob o projecto designado por SemanticGov, e depois passou a um exemplo específico: o modelo do serviço da licença de condução. Mencionou várias vantagens desta aproximação, como a ponte criada entre as pessoas da equipa "técnica" e da equipa "administrativa". Várias iniciativas nesta linham tais como a do OASIS, the Open Group, W3C, construíndo tecnologias semânticas orientadas pelos serviços que podem descrever a meta-camada de um lado da abstraindo-a da IT) e os blocos construtivos para o desenvolvimento da IT futuro do outro. Alguns exemplos de Administração Pública são os EGov Metadata Standards do Reino Unido e a US Federal Enterprise Architecture. A terminar disse que esta aproximação pode ser usada como infraestrutura para Serviços Web Semânticos.
Maciej partir daqui para explicar como o WSMO, um Modelo de Serviço Semântico (liderado pelo DERI), desenvolve o tipo de Modelo de Serviço para a Administração Pública detalhado por Vassilios antes, num WSMO-PA, um modelo Semântico e Formal para Serviços de eGov. WSMO-PA parte de WSMO e WSMO parte de várias tecnologias de Web Semântica.
Antonio Campos e Luis Polo (Fundación CTIC, Spain) apresentaram Ferramentas Semânticas para o e-Cidadão [pdf]. Antonio introduziu alguns conceitos de eGov e objectivos que o eGov deve alcançar. Na sua opinião, na interacção com outros governos, a indústria ou os cidadãos, os governos devem encontrar os meios mais poderosos e eficazes para comunicarem, assegurando a qualidade dos serviços públicos, melhorar a experiência dos cidadãos e melhorar a transparência e rastreabilidade nos serviços. A Web Semântica e as tecnologias de gestão de informação facilitam a interoperabilidade e interacção com e entre os cidadãos, negócios e administrações públicas dos sistemas de eGov. Disse ainda que um desafio importante para os serviços de eGov a melhorar é criar uma identidade Web única, pesquisável e confiável. Na Web Semântica os recursos têm que ser identificados de modo a falarmos deles, para os endereçarmos, tal identificação já existe no mundo real (e.g., bilhetes de ID, matrículas de automóveis, Cartões da Segurança Social) e que alguns projectos estão a experimentar o mesmo usando tecnologias da Web Semântica e metadados, tais como o «Common Procurement Vocabulary (CPV)», para normalizar referências usadas por autoridades nas suas contratações e entidades que descrevem o objecto dos contratos de aquisição; uma versão em cada uma dos idiomas oficiais na EU (20 Idiomas) está em desenvolvimento, já com 8200 conceitos (código). Acredita que estas iniciativas podem conduzir no final a soluções de eGov mais poderosas e fáceis de manter e também mais fáceis de criar. A terminar mencionou alguns projectos relativos a eGov em que o CTIC está envolvido e passou a apresentação para o Luis para o demonstrar.
Luis introduziu um projecto designado por BOPA. BOPA é o Boletim Oficial do Governo das Astúrias, uma coleção de documentos administrativos e legais editado semanalmente pelo governo regional. O boletim usa muito jargão legal difícil de ser compreendido pelos cidadãos e pela indústria. O projecto BOPA tem uma aproximação semântica baseada em ontologias e tem um motor de busca semântico para cidadãos especialmente orientado para três domínios: emprego, concursos públicos e financiamento público.
Os cidadãos ignoram o jargão administrativo e legal empregue nos boletins e falta-lhes conhecimento pericial requeiro para efectuarem inquéritos com sucesso. Assim o motor de busca permite aos cidadãos o uso de palavras comuns que conhecem e o sistema selecciona as palavras correctas (no jargão usado) para efectuar a busca. As ontologias orientam os utilizadores para os resultados. Luis fez uma demonstração da ferramenta com sucesso. Visto os boletins estarem em castelhano a ferramenta trabalha em castelhano, por agora.
Mauro Nunez (W3C) moderou um painel em seguida, onde os oradores da sessão se juntaram a María Jesús Fernández (Zaragoza, Espanha). María Jesús explicou como a Câmara observa as tecnologias da Web Semântica e construiu algumas aplicações com elas, tais como o projecto eTurismo que irá permitir aos visitantes de Zaragoza planearem os seus trajectos baseados no tempo que queiram gastar de acordo com aquilo que lhes interessa (se preferem ouvir um concerto, ver uma peça teatral, um monomento ou todos eles). Além disso disse que as actuais soluções sintáticas de busca actuais estão bem instaladas, funcionam no momento da instalação e funcionam bem e eficientemente; espera ver as soluções da web semântica melhorarem nos próximos anos.
Visto isto ter sido o último painel do Simpósio, a discussão entre os participantes e a audiência focou-se na web semântica mas houve alguns temas repescados de sessões anteriores:
- Os governos não devem inventar a roda milhares de vezes, nem mesmo devido a diferenças de idiomas. A Web Semântica tem meios para que os problemas sejam resolvidos de uma só vez. Uma das formas para o fazer é criar ontologias multilinguísticas.
- Para construir soluções bem sucedidas, ambas as camadas política/indústria e a técnica devem que ser envolvidas. O W3C pode ajudar com a última, mas a primeira está fora do seu âmbito. Uma aproximação que podia funcionar era baixo para cima: começar pequeno, resolver algum problema específico, engajar terceiros e deixar que os outros "experimentem" a solução e vejam se é útil, então tratar de os engajar, também.
- A aproximação Web Semântica é poderosa, mas tem vários desafios actualmente: se planeada correctamente não é nem barata nem fácil e há uma grande falta de conhecimento pericial tanto nos governos como na indústria.
- Partilhar é o caminho a seguir. A solução para um (isto é, o projecto BOPA) pode ser a solução para muitos. Partilhar conhecimento e tecnologia é importante. Os dados devem ser expostos.
A audiência perguntos várias vezes o que é que o W3C planeia fazer em relação ao espaço eGov. Os membros do W3C voltaram a repetir várias vezes que o Simpósio tinha sido organizado para ouvir opiniões e necessidades das partes interessadas e tentarem encontrar probelmas comuns a serem resolvidos de uma vez, mas que o W3C não o podia fazer sozinho, que as partes interessadas tinham necessariamente que participar.
Nota: E com isto fica concluída a cobertura do simpósio, falta ainda colocar as hiperligações. Agradecia ainda que me fizessem chegar quaisquer inexactidões que haja ou comentários