Quando o comentário nos jornais passava sistematicamente por um crivo editorial a sua publicação ou não dependia inteiramente do jornal. Com o aparecimento dos sítios dos jornais na web, os jornais viram uma oportunidade de baixar custos, não fazendo qualquer crivo nuns casos, de que resultou muito comentário desbragado ou nalguns casos mesmo inane. Face a este resultado não pretendido, algumas dessas organizações voltaram a um sistema de crivo que parcialmente depende dos próprios leitores.
Hoje comentei uma (não) notícia do i «Delete. Governo Sócrates apagou informação dos computadores». A negação acima percebe-se no meu próprio comentário:
Se é prática comum (julgo que seja assim há já alguns anos) é má prática. Se fosse praticado por governantes de forma sistemática perdia-se para a história muito do contexto. Não sei que ferramentas os historiadores irão usar no futuro, mas a história ficará mais pobre. As mensagens trocadas são parte do intangível público pelo que deveriam mesmo ser arquivadas. A Torre do Tombo do futuro terá muitas falhas. Os assuntos correntes ficam menos acessíveis, mesmo em alguns casos aos próprios.
O comentário foi denunciado como abuso, sendo eu notificado pelo I por essa razão. Se o curso normal for seguido alguém o irá reler e verificar se é ou não abusivo e se não o for presumo que um dia irá lá ser publicado.
Algo que eu gostaria de ver na notícia e não vejo é qual a prática noutros países, e as razões pelas quais foram instituídas, se têm ou não leis para preservação da informação corrente em forma digital e quem são as entidades que eventualmente têm essa missão. Com este tipo de informação e não com estórias da carochinha de que me apagaram todas as mensagens electrónicas (se já é prática comum os funcionários públicos deviam precaver-se e fazer cópia pessoal de segurança das suas mensagens ) uma pessoa podia formar uma opinião um pouco mais elaborada.
Sem comentários:
Enviar um comentário