Web,ruby, Ajax ou qualquer outra coisa que me venha a cabeça (com prioridade para esta última)

09 setembro, 2008

Coimbra Barcamp 2008 - Ou o fim dos one-liner, talvez?

Este fim de semana estive presente no Barcamp Coimbra 2008, havendo alguma diversidade (2 salas em paralelo) de escolha sobre o que fazer. Como em qualquer Barcamp a agenda tinha um carácter algo aberto, tendo alguns dos oradores (participantes mais activos que eu) bisado em relação ao ano passado.

Encontrei-me com algumas pessoas que não conhecia, algumas que já conhecia e muitas que admiro dos meus passeios virtuais pela net.

Desta vez não cheguei com nenhuma antecedência ao evento, só lá cheguei depois das apresentações. O Barcamp deste ano pareceu-me algo mais pobre que no ano passado e com pouca novidade será do envelhecimento dos organizadores quando a barriga começa a pesar (note-se não é nenhuma piada ao Tiago, eu próprio não sou nenhum modelo de magreza só tenho este ano mais 8 kg do que o ano passado na minha idade nada apropriado). Parece que se está menos ágil. Bem sem que o Barcamp é produto da carolice de um grupo de bravos do centro, mas isto não chega como explicação pelo menos na aparência, mas que sei eu eu sou Moita Flores (como indicava o Pedro Cavaco)

A primeira palestra a que assisti foi uma intervenção do Ricardo Mestre sobre fundamentos de Scrum. Uma das perguntas efectuadas enquanto assisti foi como implementar Scrum em orçamento fixo (eu responderia se usar um orçamento de queda de água, ganhando muito dinheiro à conta da maior produtividade). A apresentação do Ricardo ultrapassou de longe o tempo inicialmente previsto de 1h 30 para cerca de 4h onde raio foi parar a atitude scrum (que raio de sprint foi este que em vez de durar 1h 30 durou 4 horas, com esta benchmark chegar-se-ia à situação de se dizer que a velocity tinha sido só de cerca de 38%, way off marks) da estimada, a sprint seguinte teria que ser convenientemente avaliada (aprende-se com os erros).

A segunda palestra a que assisti e onde me apareceram novidades, pois nada tinha trabalhado/lido/revisto sobre o assunto foi sobre XMPP, por Pedro Melo, um protocolo de comunicação assíncrona, que me leva a pensar que um problema que me foi posto há já algum tempo (mas sem pressa imediata) se calhar terá uma solução mais fácil do que eu imaginaria. Os meus parabéns ao Pedro, apresentação muito boa.

Assisti depois a uma palestra do Celso de que francamente não gostei parecia demasiado mal preparada, género, é necessário encher um pouco mais o quadro de palestras que isto está demasiado vazio, pode ser erro meu, poderá ser uma mera dificuldade congénita portuguesa de apresentar ideias em público. Esta falta de geito que se encontra neste mesmo blogue que frequentemente parece deixar argumentos a meio e ter um fio de raciocínio algo quebrado.

Mas voltando à falta de preparação da apresentações, numa palestra sobre RDFa o Bernardo Raposo claramente não soube explicar de forma convincente quais as vantagens que se poderiam extrair de uma rede semântica, melhor dizendo do uso de RDFa, na resolução de problemas, indicando que tipo de problemas, que ultrapassassem a mera cosmética e que não pudessem ser resolvidos por exemplo por microformatos. Esta conferência adormeceu-me praticamente, nem consegui acompanhar a palestra do Alcides e senti-me como o garoto que foi apanhado a dormir na aula, eu nem ouvi a pergunta a que respondi que não sabia, deveria ter dito é que não estava lá a não ser em corpo a mente tinha desligado na palestra anterior.

A palestra do André Luís foi muito boa, «que fazer com o perfil de atenção dos utilizadores que navegam até aos nossos sítios» e na sua síntese com a qual não concordo inteiramente de que RDF poderá ser a resolução de problemas no futuro (teórico) versus um presente com resolução com os microformatos.

Patrícia, designer freelancer fez uma simpática apresentação com fundamentos de design para a web, apresentando princípios de conjugação de cores, tipografia e interacção.

Pedro Custódio, orador repetente, em alguns casos brilhante, noutros, com algumas muletas, como a sistemática desculpa «... esta apresentação baseia-se numa formação que tive...» ou ainda a do exemplo que para mim qualquer dia vira mito urbano do «... e a firma aumentou 40 milhões ...». Já agora para a sessão ser mesmo boa só faltou o arroz e o tubo das lapiseira ou em alternativa o cartão perfurado e uns elásticos dos anos 60. As instruções para se fazer algo, são mais simples quando acompanhadas de desenhos bastante melhores do que os meus. Os da apresentação do Custódio pareciam-se com os do Jorge Colombo, a despropósito um dos fulanos a convidar para a SHiFT para um dos próximos SHiFT na minha opinião.

O Bruno Amaral falou do lançamento do Lisbon Social Media Café, em Lisboa, ao pé da Estátua de Fernando Pessoa como homenagem à Geração d'Orpheu feito um pouco à imagem do London Social Media Cafe. O Bruno Amaral é um estudante(?) de comunicação e mesmo ele não parecia ter estudado a lição a fundo. Parece-me que escreve mil vezes melhor do que quando comunica oralmente. Tem alguma dificuldade na leitura que faz da plateia que tem à sua frente dificuldade essa em mais do que um nível.

Num público claramente orientado por um grupo que tenta gerar já há alguns anos alguma movida social sem o conseguir ligada à Web ao propor um potencial concorrente (eu diria que são complementares, mas em meio tão pequeno como o nosso pode ser que sejam mesmo concorrentes) às idas ao Irish Café ou ao Peter's, num meio que claramente não gosta do diverso que não controla.

O Bruno deveria talvez contactar um pouco mais com pessoas que andam pelas comunidades de prática antes de fazer a apresentação pública do seu projecto para se perceber melhor a sua ideia. Eu gosto muito de tertúlias orientadas, não meros convívios para meia dúzia de larachas mas algo mais focado, tenho pena que agora o meu tempo tenha infelizmente outras prioridades.

O Frederico Oliveira está cada vez mais na onda David e agora o que é importante não é tanto o código mas sim que as empresas inovem, estejam em mudança, para não morrerem. O à vontade para fazer apresentação a um público jovem é clara.

Comentários finais

Uma das coisas que falha em mim é a ausência de coragem para me expor (falta de scrum guts) apresentando algo, porque essa é realmente a única forma de se aprender a falar em público e claramente eu fui sempre um rapazola de bastidores e nunca de palco. Quem ganha coragem para apresentar, talvez tenha que preparar melhor as suas apresentações, fazer um pouco mais de pesquisa, não basta fazer um corte e cola de algo que se encontra disponível na net. No entanto esta geração mais nova não tem tanto medo de falhar como a minha, acha e com alguma razão, que é preferível tentar e falhar, sempre que falhar voltar a tentar, melhorando até ter sucesso. Por outro lado não tolera momentos menos felizes nos outros.

Houve alguém em quem muitos oradores resolveram ver o bo(m)bo da festa, Moita Flores, devido ao seu comentário sicariano. Ao contrário de muitos dos presentes o que Moita Flores fez foi mandar uns bitaites, como qualquer mortal comum, sobre um assunto que manifestamente não domina (não conta saber ler e escrever ao computador) e ter escorregado ao comprido, aliás nenhum dos presente nesse comentário esteve particularmente brilhante ao falar sobre o assunto. Acho que o grande problema é que os presentes em Coimbra se julgam especialistas na área aí tratada e acham que o que Moita Flores disse é sem fundamento, pois eles próprios, especialistas, não têm nada a haver com o fenómeno aflorado por Moita Flores. No entanto seguramente tal como eu já mandaram muitos bitaites sobre muitas coisas das quais praticamente só conheciam os nomes ou mesmo só as siglas.

Cern amanhã

Por vezes quando um leigo numa determinada matéria faz uma simplificação (por vezes excessiva) para facilitar o entendimento por outro leigo, num comentário ou texto, períto na matéria vê um verdadeiro atentado à sua área pericial. É um pouco como tentar explicar em linguagem simples que a probabilidade de um buraco negro gerado no CERN no LHC a partir de amanhã engula a Terra é tão baixo, mas tão baixo, que é várias ordens de grandeza mais pequeno do que uma pessoa se vaporizar ao fazer a barba (5 ordens de grandeza se não estou em erro) (nota: isto é uma explicação de leigo sobre o assunto), cá estou eu a dar uma de Moita Flores.

Obrigado aos organizadores (agora um pouco de graxa, aos patrocinadores) e aos patrocinadores por terem proporcionado um fim de semana rico.

1 comentário:

Francisco Costa disse...

Olá Afonso!
Infelizmente só pude estar presente no primeiro dia, mas gostei da conversa que tivemos e da experiência que partilhaste. Podes ser um rapazola de backstage, mas no mano-a-mano estás bem presente!
Cumprimentos!